Saiba porque bebês prematuros têm maior risco de apresentar crises epilépticas

Saiba porque bebês prematuros têm maior risco de apresentar crises epilépticas

7 de maio de 2019

Saúde

Por ano, nascem cerca de 340 mil bebês prematuros em todo o mundo segundo pesquisa. Apesar dos avanços da medicina neonatal, a quantidade de partos que acontecem antes das 37 semanas ainda é alta. Uma das consequências de nascer antes do tempo previsto é o aumento do risco de apresentar crises epilépticas neonatais (CEN).

De acordo com estudos, o peso abaixo de 1,5 kg é um importante fator preditor das crises epilépticas em prematuros. A incidência é seis vezes maior quando comparada aos bebês que nasceram após 37 semanas de gestação.

Segundo a neuropediatra Andrea Weinmann, especialista em Neurofisiologia e Eletroencefalografia, as crises epilépticas são mais comuns após o nascimento. “Chamamos de período neonatal os primeiros 28 dias após o nascimento dos bebês nascidos no período ideal e até as 44 semanas de idade gestacional dos bebês prematuros”, comenta.

Cérebro de prematuro é mais vulnerável 

A neuropediatra explica que o cérebro de um bebê prematuro é mais vulnerável. Segundo ela, além de não ter a proteção do ambiente intrauterino, o cérebro está mais sujeito a sofrer lesões do que os bebês que nascem com 40 semanas.

Algumas lesões cerebrais aumentam o risco de desenvolver as crises epilépticas neonatais. “Nos bebês prematuros, especialmente naqueles que nascem antes de 32 semanas de gestação, as crises epilépticas são mais frequentemente associadas a uma lesão cerebral aguda, como a hemorragia intraventricular. Nos demais, a causa mais comum é encefalopatia isquêmica hipóxica”, afirma a especialista.

A encefalopatia isquêmica hipóxica é uma síndrome neurológica relacionada à asfixia perinatal ou a condições de falta de oxigênio. Além da restrição da circulação sanguínea ou ao acúmulo de ácido no sangue antes ou durante o parto.

Detecção precoce é crucial

 O diagnóstico das crises epilépticas neonatais nos prematuros pode ser desafiador. “Isso acontece porque, em muitos casos, as convulsões acontecem sem sinais clínicos aparentes, porém podem ser detectadas no eletroencefalograma (EEG). Entretanto, mesmo no EEG, é preciso um profundo conhecimento, já que a atividade cerebral varia muito de acordo com a idade gestacional”, comenta a neuropediatra.

Ainda segundo a especialista, os sinais das crises epilépticas nos recém-nascidos podem ser sutis, além do fato de que os bebês podem apresentar movimentos que imitam uma convulsão. “Isso é agravado quando os bebês são prematuros, principalmente quando permanece sedado e sob ventilação mecânica, por exemplo. Esses aspectos podem mascarar os sintomas clínicos das crises epilépticas”, afirma.

Monitoramento constante

 Os recursos da medicina neonatal são imprescindíveis para os bebês prematuros. Além do acompanhamento do bebê por um neuropediatra na UTI neonatal, há necessidade de monitoramento da atividade cerebral por meio do EEG de forma constante.

A presença de atividade convulsiva ao nascimento está associada a problemas no neurodesenvolvimento. Entre algumas sequelas, podemos citar condições como paralisia cerebral, microcefalia, deficiência auditiva, visual, problemas cardíacos, além de epilepsia pós-natal, de acordo com Andrea.

Prevenção 

A prevenção ainda está fortemente ligada à gestação. É preciso adotar todos os cuidados durante a gestação para evitar que o bebê nasça antes do tempo previsto. Felizmente, hoje cerca de 80% dos prematuros sobrevivem.

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